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00:58 Ana Flávia Sousa 8 Comments

" Serás vida, bem vinda! Serás viva, bem viva! "   

E pensar que o amor nasce as vezes mesmo antes de conhecer a pessoa. Já é intenso, sublime, e sem complicações. Um ser mínimo, que mais parece uma mancha num ultra-som, idolatrado. Alguém que nem mesmo tem um sexo definido, ainda. Já sou a titia mais babona deste neném, que está por vir, depois de conturbadas situações, inseguranças, medos. Virá num momento ímpar. Um desafio, uma alegria jamais vivida.  Fico pensando em mamãe e papai, que só vieram a saber que eu era uma menininha quando dei meu primeiro grito em busca de proteção, depois que me tiraram do lugar mais seguro que eu já estive na vida. Um choro que implorava por socorro. Aí sim, o dilema. Vovó, minha salvadora, disse que Papai do Céu teve pena de mim, e por isso me fez ser uma menina branquela e careca! Pena, porque se eu não fosse o que sou hoje e desde que nasci, uma mulherzinha, me chamariam de Zéfirino Neto, em homenagem ao meu avô falecido antes mesmo de minha mãe casar. Tá, se Deus teve dó, agradeço a vovó também, que escolheu meu nome, que uso até hoje, uso por gostar, por me fazer lembrar dela, não por obrigação. (como se eu pudesse mudar de nome, como mudo de roupa. ¬¬'). Imagino as expectativas divididas por aquele casal de jovens inexperientes que eram meus pais, dois anos após se casarem. Será menino? Menina? E o enxoval? Verdinho e amarelinho, pronto, problema resolvido. Roupinhas lindas de tricô feitas por vovó, para a primeira filha da filha mais nova, a rapinha do tacho. E aí, me lembro das histórias contadas em família. Mamãe nasceu apressada, sete meses e um tamanho tão grande que uma caixa de sapato fez-se manjedoura. A décima primeira filha nascida, a décima a vingar.  E naquela casa amarela, mamãe saía pela porta, todos corriam para por a criança para dentro, entravam pelo portão, saía pela porta. Saía pelo portão, entravam pela porta, e assim era a ladainha diária, e vovó gritava: _ Ritaaaa! Ritaaaaaa! E era amor. Desde sempre. Amor passado de geração em geração. Esse amor sim, é sentido desde já, um instinto, materno, paterno. Papai, uma vez me disse que o único homem que vai me amar verdadeiramente, sempre, sem medidas e exigências, seria ele, e pediu pra eu não esquecer disso. Acreditei nele, e desacreditei em todos os outros cuecas da face da terra. haha. Tá bom, confesso que ainda há esperanças aqui dentro. Mas se um dia, eu desanimar de novo, e me fizerem chorar, é no colo do papai que sei que vou poder pedir ajudar para colar todos os pedaços do coração mais uma vez partido. Assim, acredito que minha amiga deve estar vivendo emoções indescritíveis, sentindo amor, carinho imensuráveis.  Aquele desejo de cuidar, de abençoar. Uma dedicação profunda. Doando tudo que ela tem, sem garantias do que receberá em troca. Formando vínculos eternos com aquela criatura, que pra sempre serás tua. Ansiedade para ninar um ser que já já estará chamando-a pelo nome mais bonito que a mulher recebe durante a vida toda: mamãe.

Ana Flávia Sousa Silva

8 comentários:

  1. Ah, que amor! Amei, amei. Vais ser titia então? Boa sorte! Hahahaha
    E eu sei como é todo esse sentimento, mesmo antecipado. Vi minha irmã menor desde os ultrassons, tudinho. Acompanhei sempre minha mãe. Mas já te digo: nada se iguala à primeira vez que se vê ao vivo, que se sente o cheiro, que se tem o toque dos dedinhos. Será lindo! Prepare o coraçãozinho desde já, viu hahahaha
    Beijoca!

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  2. Oi! Passando por aqui, já me encantei de cara com o texto! Que lindo, que ansiedade de titia mais linda essa sua! Que essa criança venha cheia de saúde e receba muito amor, apesar de que boa parte desse amor já é garantido pela tia, né? rsrs
    Beijos, querida!
    Adorei o blog!

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  3. Esse sentimento é único ne flor, e tenho certeza de que tu seras uma titia maravilhosa que so vai dar bons exemplos pra esse ser que vai chegar.
    Ficou muito lindo o texto amiga!

    Beijos

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  4. fraldas, choro, risos, cheirinho gostoso de bebê.

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  5. Ah que lindo Ana!! Com certeza essa criança já é muito amada e abençoada! bjuuu

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Esses sim são laços que nada destrói, esse é amor verdadeiro: o de pais pelo filho e o de filho pelos pais. Se há algo no mundo pelo qual ainda vale muito a pena zelar é isso.
    Algo tão forte, tão grande, tão maravilhoso e intocável.. Tão, além de quase tudo! Ou tudo mesmo.
    Gostei muito do texto, está completamente suave e cheio de carinho! :) Um beeeijo !

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:)