matraquinha.

17:19 Ana Flávia Sousa 9 Comments



O sol pode até estar nascendo lá atrás da montanha, mas meu sono continua no ápice da bondade. O despertador precisa ser avisado que precisa tocar mais de três vezes, fora a soneca de cada um, pra que meu corpo posso pensar em obedecer a mente, se espreguiçar e enfim, levantar pra mais um dia dessa rotina corrida que tem se tornado a vida da gente. Junto acorda uma contraditória  mania de querer tagarelar sobre tudo e com todos por aí, como se o abrir dos olhos fizesse com que a faladeira habitante do meu corpo despertasse do seu sono tranquilo. A língua parece que ganha vida própria e permanece o dia todo assim, descontrolada. As vezes é necessário usar a chavinha imaginária, trancá-la e jogar a chave bem longe, que é pra ver se o silêncio respira um pouquinho, aliviado. Sozinha na sala de trabalho, vez ou outra me pego falando sozinha, repetindo alto os afazeres do dia, os planos do amanhã, o lanche de mais tarde e imaginando a tal sonhada noite de sono logo mais, tamanha necessidade que é exercitar esse músculo bucal. Parece que o espírito da Emília ficou impregnado na minha vida, e que eu também engoli a tal pílula falante do Doutor Caramujo e que acabei de descobrir as palavras e que preciso reparti-las com todo o resto do mundo.  O namorado, coitado, quer ver um programa na televisão, escutar o jornal, prestar atenção no trânsito, mas a falação desenfreada continua até que um beijo é roubado ou um olhar repreensivo fica ali no ar. Mas incrível que essa agitação toda fique restrita apenas a língua, pois o corpo é arrastado ao longo do dia, preguiçoso que só. Duas faces de uma mesma moeda, e eu ficando louca entre elas. Sob a luz do luar ou um barulho de chuva, vou me aquietando, a mão buscando a outra mão pra segurar, e um ombro pra deitar todos os sonhos e descansar, cúmplices do silêncio, calmaria lunar. 

9 comentários:

  1. Que texto maais lindo ><

    http://algunsdisparates.blogspot.com.br/

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  2. Ah flor eu já não sofro desse problema pois sou calada ate demais, então nem tenho muito a falar, mas tenho o costume de conversar sozinha! rs
    Sou do contra!
    Belo texto!

    Beijos

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  3. Ownn, que fofa! Acho uma graça pessoas tagarelas, convivo com várias assim e creio que também sou um pouco - a maioria das mulheres tem seu lado faladeira, hahah! Mas não se preocupa não amiga, é falando assim que a gente se distrai, deixa o tempo passar e não se torna vítima dos perigos do nosso próprio silêncio.
    Beijo grande, mineirinha querida!
    Fica com Deus sempre!

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  4. Oi, tudo bom?
    Eu amei o seu blog, e estou seguindo (:
    Esse é o meu blog, passa lá! Espero que goste.
    http://meu2diario.blogspot.com/
    Beijo :*

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  5. Conheci aqui hoje e me encantei, incrível o texto, mas ao contrário sou muito calada mas acho lem legaal quem fala demais, se comunica com facilidade.

    Seguindo.
    http://iasmincruz.blogspot.com.br/

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  6. Lindo também! E com rimas. Também venho me arrastando nessa rotina que quase estrangula o relógio pedindo mais tempo pra que se possa fazer tudo. Com essa vontade de conversar até com plantinhas, que é pra não ficar sozinha no meio de tanta função diária. Um beijo cheio de carinho pra ti.

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  7. Ah Aninha tá tudo bom por aqui...Mexi nessa cozinha toda. Achei panelas com fundos cambaleantes em superfícies lisas, panos de prato com as bordas queimadas e formigas doceiras com olhos redondos. O cheiro é bom demais. Um dia, faz tempo, escrevia. Acho que precisava falar escrevendo e ler o que precisava ouvir de mim. "Mas o tempo foi passando nas patas do meu cavalo"...e comecei a ler mais do que escrevia...e hoje, diria cantando que "a gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar, mas eis que chega a roda viva e carrega..." Volta! beijos

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  8. Ah Aninha tá tudo bom por aqui...Mexi nessa cozinha toda. Achei panelas com fundos cambaleantes em superfícies lisas, panos de prato com as bordas queimadas e formigas doceiras com olhos redondos. O cheiro é bom demais. Um dia, faz tempo, escrevia. Acho que precisava falar escrevendo e ler o que precisava ouvir de mim. "Mas o tempo foi passando nas patas do meu cavalo"...e comecei a ler mais do que escrevia...e hoje, diria cantando que "a gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar, mas eis que chega a roda viva e carrega..." Volta! beijos

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:)