feliz contemplanos.

14:30 Ana Flávia Sousa 12 Comments




Em meio ao inferno astral mais pra paraíso de todos os tempos começo a escrever o mais clichê de todos os temas: todo o ritual que envolve o sopro de uma vela a mais, uma vez por ano. Me dou conta de que em poucos dias estarei deixando para trás mais uma idade vivida assim, do nada. Como se fazer aniversário estivesse ligado à um alarme mental, que quando se aproxima a data, uma luz se acende e bum, você descobre que ficará mais velha. A gente fica pensando em tudo que passou nesse tempo entre uma idade e outra, em tudo que fizemos e no que deixamos de fazer. Comigo cresce uma sensação de tempo esgotando que só passa milênios depois. Desde criança foi assim, não conseguia entender porque soprar aquelas velas num bolo podia significar grande coisa, mas significa, por mais que a gente negue elas têm seu valor. Ninguém canta 'happy birthday to you' pra nós por nada, nós encerramos um ciclo, outra etapa. Subimos mais um degrau na escalada da vida, ou será que descemos? Confesso que tenho medo, e por isso não tenho refeito muitos planos. A vida trata sempre de me surpreender, rabiscar meu rascunho e colocar diante de mim um traçado mais bonito que eu havia imaginado. Mas tenho medo assim mesmo, medo de não ter tempo.  Tempo pra fazer tudo que eu mais queria nessa vida, e não ter outra pra compensar. Então eu queria mais desse ano que começa pra mim, um dois seguido por um. Queria mais de mim. Queria aquilo que a gente não costuma ganhar de presente, uma bússola que me apontasse os caminhos certeiros e uma ampulheta que me desse o poder de parar o tempo quando eu quisesse um minutinho de paz. Queria poder ir na Livraria Café e pedir a atendente que adoce meu café com leite e as pessoas, e que coloque menos egoísmo e mais senso de humor na receita do pão de queijo. Queria poder ir na feira das flores e pedir um ramalhete de dentes de leão pra soprar poesia por aí.  Queria terminar melhor este texto, mas ficou clichê demais pra ter um final decente. Na verdade, o que mais ando pedindo por aí, é sabedoria pra lidar com tanta coisa nessa correria da vida, pena que não vem em compotas e nem vende em lojas de departamentos. Sabedoria a gente adquire a cada sopro de vida. Sabedoria vem com vivência, convivência.  


( A poeira anda espessa por aqui não é? Não é por falta de sentimentos para traduzir, é desordem cerebral mesmo. Aos poucos, o Pratododia voltará a ser meu melhor amigo, estamos meio em crise mas é por pouco tempo (espero!). Um beijo pra vocês que sempre vem nos visitar e deixar um beijo carinhoso, beijo macio pra vocês ;* )


12 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Foi ótimo ler esse texto. Daqui a poucos dias também vou assoprar mais uma velinha e aí a gente pensa mesmo tanta coisa... Mas é isso, também desejaria que as pessoas fosse menos egoístas e hipócritas, mas sei que não é possível. Então, me contento em pedir, ao menos, pra que eu não seja tudo que não gosto nos outros!
    Beijos!

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  3. Querida Ana, o medo é natural. Eu, prestes a completar meus 28 (ssimmm 28!!rs)tenho ele aqui.
    Acho que é a correria da vida que cobra tanto a gente, nos pede ser mais, querer mais, ter mais quando o que vale mesmo é viver mais, viver bem.
    Mas embora haja esse medo do tempo,td faz sentido quando você escreve: " A vida trata sempre de me surpreender, rabiscar meu rascunho e colocar diante de mim um traçado mais bonito que eu havia imaginado." Pra mim, o segredo está aí!
    bjs, bjs

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  4. As coisa nunca mudam, acredito. Todo ano parece que começa a melhorar, mas sempre tem algo pra encher de rotina a vida e nos fazer correr contra o tempo para conseguir abraçar o mundo.

    E me obrigo - devido às circunstâncias - à concordar contigo: "Sabedoria vem com vivência, convivência". A arte de conviver é das mais difíceis de lidar.

    Beijo

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  5. E que venha-nos os tempos
    mais velozes e ferozes.
    Faremos deste tempo, o
    contratempo do viver-se
    em cada canto, mesmo que
    seja ele, relento.
    Assim vivemos.

    Fico a seguir.
    Paz!

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  6. Achei que era só eu que tinha essa "neura" com aniversários. Fico sempre nessa de: fico feliz por que estou amadurecendo ou fico triste por que estou ficando velha? Enfim, a gente não pode mandar nessas coisas, simplesmente os anos passam e a gente segue junto. O finalzinho do texto me encantou demais! Beijos.

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  7. Ai, Ana, eu sempre fico encantada com todos os teus textos. Tu tens uma suavidade, graciosidade ao escrever, que me encanta e que traduz o que eu também quero e sinto. Espero que tu sejas muito feliz, cada vez mais! E que consigas viver tudo o que queres, mesmo tendo medo de não conseguir - compartilho da mesma aflição, aliás. Desejo tudo de bom pra ti, guria! Que continues sendo essa guria inspirada e inspiradora, futura arquiteta que escreve incrivelmente bem. Beijão!

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  8. hahahha....que pena mesmo, seria mais fácil se viessem assim....pq, realmente, tá faltando este jeito para lidar com estas tantas coisas...tá difícil...

    []s

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  9. Você, dona lindeza, me acendeu o riso. Me fez ter vontade de escrever mais e melhor. Agradeço.

    Te deixo um pé de sol!

    beijocas de luz*

    =*

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  10. Lindona, te desejo as melhores coisas, de verdade. Compartilho desse medo e acumulo outros, medo de que as pessoas se percam a cada dia mais e que eu perca a crença nelas e nos sentimentos. Também parei com meus planos, porque a vida as vezes nos leva pra lugares que não colocamos em nossa rota e que são melhores ainda. Não ficou clichê, ficou real, coisas que só gente do bem e com bom coração consegue desejar.
    Muita muita felicidade pra ti, um beijão meu.

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  11. Eu também não faço mais planos, agora prefiro deixar a vida me levar mas sempre com fé em Deus porque ele sabe o que é melhor pra nós.
    O importante é viver cada ano de sua vida bem, intensamente flor!

    Beijos

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:)