têpêêmê,

12:29 Ana Flávia Sousa 5 Comments

Estou pensando em me jogar de cima da pedra mais alta. 


Assim, quase como um carnaval fora de época. Mas não é festa!  Uma salada mista de sensações incompreendidas, por mim. Contrariando meu estado novo de alegria, minha carência se apresenta para minha solidão, que por sua vez grita, implorando por minha companhia, apenas. Conhecedora e mulher que sofre há anos por isso, sei que existe e os especialistas nomeiam: tensão pmenstrual. Agora, desordenada. Numa situação anormal, fora dos dias verdadeiros, não me encontro. Radical, por si só, meu signo se faz presente e me coloca diante de minhas extremidades. Enquanto meu corpo, faminto, necessita do alimento alheio, aquele carinho, minh'alma, agora se diz anorexa, não se alimenta nem de esperanças mais. Perco a arbitrariedade diante desta luta, arte marcial. Simultâneos, apresentam-se munidos de conjunções alternativas. Primeiro Round. Um colo, eu queria agora, ou não, preciso mergulhar nos meus pensamentos. Segundo Round. O choro incontido e diário ajuda a expelir tudo que as palavras não são capazes de descrever, entra em combate com a minha extrema alegria de viver! Bipolaridade?! Terceiro Round. Pessoa paciente, compreensível e amável, sou, dali a pouco, uma ignorante, incapaz de entender a psíquica humana. Péssima companhia. Quarto Round. Estudante sonhadora e criativa, consigo  imaginar projetos meus, capas de revistas e livros publicados, uma crise, e sou um completo fracasso. Meus textos, um lixo. Desisto. Quinto Round. A filha exemplar, irmã maravilhosa, namorada perfeita e melhor amiga, eleva-se os hormônios um pouco, e é uma completa inútil, que não ama mais ninguém, nem a si mesma. Sexto Round. O espelho do corredor mostra um corpo, escultural, desenhado e em ordem, fico satisfeita, até que o espelho dos olhos alheios vêem o que eu não quis enxergar, que falta aqui e sobra ali, frustração. Sétimo Round. Uma energia de dar gosto, acordo cedo, se recuperada estivesse, animava até a caminhar, antes do meio dia, a preguiça  já me consumiu por completo. Oitavo Round. Pisando em terreno desconhecido,  me coloco em alerta, cuidadosa, mais tarde a cautela já foi colocada no banco de reserva, e já estou correndo para os braços da novidade. Nono Round. Borboleta criada, asas prontas para voar e medo descartado, palavras na ponta da língua querendo sair, e como se fosse proteção, desistência. Décimo Round. Prato principal: Língua de maritaca. Um assunto atrás do outro, como se agora, a fala tivesse acabado de ser descoberta pela criança, boca seca, um copo d'água e volto muda, quase autista, só olho para a parede e não quero conversar. Décimo Primeiro Round. Curiosa, quase aventureira, quero saber de todos os detalhes, trocar informações contigo, uma palavra mal dita, e não quero saber de mais nada. Indiferente. Décimo Segundo Round. Independência, casa própria, viagem pelo mundo e um cachorro grande. Eu cozinho, eu lavo e passo. Vou  ser feliz assim. Esqueço a hora do remédio, fico tonta e ninguém está perto para me amparar,  aí, coitada de mim, que tristeza! Quanta solidão! Quero o cuidado da família, a companhia pra jantar e uma conversa sobre o dia que está acabando, e até um beijo de boa noite. Duas maneiras de viver, brigando por um mesmo corpo. E nesses momentos de hormônios alterados e se alternando o tempo todo, eu choro, choro incondicionalmente, por qualquer motivo e por motivo algum. Já não quero ouvir os argumentos extremos colocados diante de mim, tenho medo até de meus pensamentos. Assombrada, busco minha fé e meu Deus, converso com a alma da minha avó, sem obter respostas é claro, e espero que tudo isso passe, que eu seja uma pessoa melhor e estável quando acordar. Que durante o sono, as duas faces de mim, façam um acordo e se encaixem, quebra-cabeça, pois estou farta de toda essa disputa por território. Vou dormir, para acordar, espero, tigresa domada. Uma auto-defesa, alternativa.


Ana Flávia Sousa Silva

5 comentários:

  1. E nossos sentimentos se misturam às nossas alterações hormonais e tudo muda. Choramos, sorrimos, gritamos, silenciamos. E cada fase é um processo contínuo de luta consigo mesma e com os nossos sentimentos contrariados. Ás vezes involuntários, confusos, dispersos. E ás vezes uma prece resolve. O dia clareia e o sol pinta feito clarão no fim do túnel. Hora de vestir o melhor sorriso e comprar passagem rumo a felicidade.

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  2. Lindooo Flavinha, saudade de ler esses seus textos carregados com o tempero do amor, e super intensos!

    Bjoooooooooooooooo :g

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  3. Como tu tem coragem de me dizer que não esta escrevendo bem?
    O que signifca esse texto então hem?
    Ah nós mulheres, como sofremos, estando em tpm ou não.
    Somos intensas, carentes, inconstantes, insatisfeitas.
    Mas acho que isso é nos torna tão incrivéis e nos diferecia dos homens.

    Xô deprê amiga! rs
    Amei o texto!

    Beijos

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  4. É Aninha, e como ficamos vulneráveis nessa época do mês, né? Coincidentemente, estou BEM nessa época. Me sentindo a pior das mulheres, e querendo, na contradição, ser a melhor. The best, the top. Enfim, acho que passado esse nosso transe, acabamos voltando a ser como habitualmente, unificadas em nossas duas partes. O bom é que passa, né? Hahahahahaha boa sorte pra nós, sua linda.
    Um beijão!

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  5. É assim que ando me sentindo! Me descreveu perfeitamente! Quando me perguntam se estou sensível, digo que ando em estado sensível permanente! E no fim dessa luta, nem tem ganhador!
    beeijo ;*

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:)