Menina que me fez, menina

21:51 Ana Flávia Sousa 5 Comments

Menina que não roubava livros, mas os conhecia dia após dia na biblioteca pública da cidade, pequena, todas três. 
Menina que nasceu logo antes de um golpe e mais nova de onze, dormiu tempo demais em caixa de sapato, miúda, cabia inteira.
Menina delicada de corpo e de alma, nariz em pé e rodopios ao redor de uma casa hoje amarela(da), três vezes maior e infinitas vezes mais vazia.
Menina grande de sonhos, aprendeu o mundo para ensiná-lo depois, adulta e eterna criança, para sempre aluna. 
Menina que teve outras duas, tímida e braba, olhos verdes e castanhos, pra voltar a brincar, pra brincar como nunca pode. 
Menina que teve outras duas e pras três, colecionava bonecas que nunca teve, só sonhos.
Menina de cinquenta e pouco, de coração e amor que não cabem em si, transborda. 
Menina, minha. Sou sua, é nossa, inteira e maravilhosa, mãe. 

De um final de semana de grude, 
e de amor e agora, saudade

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