Todo mundo possui um passado sombrio, que um dia volta e te condena. Lá no Elite, enquanto os comentários giravam em torno de uma matéria interessante, os mortos das profundezas da terra ressurgiram e puft, nos entregaram à prisão perpétua da breguice musical. Nasci embalada na moda dos anos 90 e então, era praticamente impossível não ser alucinada pela Angélica e querer ir de táxi ao Xou da Xuxa e ainda, sonhar acordada em ser paquita. Na casa da mamãe há vinis e bonecas que comprovam isto. Provas de um crime contra o bom gosto. E tinha também o programinha da Mara Maravilha e do Sérgio Malandro que eu adorava.
Além disso, tinha uma tal de Yasmin que cantarolava uma musiquinha que tinha um segredo e namoradinho infantil, que eu não tive, no caso. O único namoradinho que rondava minha cabecinha infantil alucinada era o Ken, que namorava minha Barbie Roberta Close, que na época, eu considerava a mulher mais linda do mundo, até descobrir que ela nem era tão linda assim, e nem mulher a diaba era. Enfim, depois as coisas mudaram, e a Barbie começou a namorar o Daniel (do João Paulo mesmo), que cantava pra ela "eu quero beijar o mel de sua boca, como se fosse uma abelha rainha..." ♪. Essa parte ainda não ficou no passado, ainda gosto do sertanejo do Daniel (e mamãe também), e da história do berrante, das pintinhas no rosto e talicoisa. Coisas caipirescas que vem lá do interior (e do papai). É, pois é.
Mas aí, tinha a tal novelinha do sbt, Chiquititas, e eu era a Vivi. Fim. Colecionava cd's e passinhos de "mexe, mexe com as mãos, pequeninas" e meu coração doía com a musiquinha Mentirinhas, da Tati. Suspiros. E me acabava de dançar com o Chefe Chico. Era lindo!
Lá naquela época, a mamãe teve a brilhante ideia de me inscrever na academia de dança da Tia Nessa, e lá, pasmem, só dançávamos ÉoTchan da Bahia, e ainda nos apresentamos por aí de Tarzan, dançando o tchan na selva.. E pagaram para nos ver tá? Éramos a sensação e me achava a própria loira do tchan: "luuuuuz, na passarela que lá vem ela." ♪
Mas enfim, como todo pokemon evolui, passei dessa pra pior quando o sucesso da vez era a Kelly Key com seu Baba e Cachorrinho, o KLB e toda sua Timidez e a Wanessa Camargo, e me trancava no meu quarto para escrever sobre os desamores infantis enquanto ouvia em alto e bom tom os cd's desse pessoal teen. Lá no interior as coisas demoravam a chegar, então nunca fui fã das Spices, nem de BSB, e sim de Pedro e Thiago e eu eu fui no show, e ganhei autógrafo e guardava com minha vida. Decadente. 15° andar do subsolo: foi onde minha reputação foi parar agora.
Até que a coisa que já estava preta, se queimou totalmente quando surgiu as meninas do Rouge e a Ragatanga, e os encontros dazamiga na garagem de casa tentando aprender perfeitamente o "Aserehe ra de re, de hebe tu de hebere seibiunouba mahabi, an de bugui an de buididipi", e junto com elas ainda veio os meninos do Bro'z e a tal da Favorita: "Sim, sim, sim" ♫. Sim, o fim da picada. Uó do borogodó.
E como o buraco é mais embaixo, paralelamente surge o Bonde do Tigrão e o cerol na mão, as chuchucas, a dança da motinha, o tapinha não dói, o Furacão 2000 e afins do mundo do funck, quando ainda as letras eram 'leves' e a gente se achava as popozudas perdendo a linha e dançando até o chão. Tá, essa parte vezenquando ainda volta nas festinhas e a gente se rende ás batidas do ritmo, e ainda de arrisca rebolando: chão, chão, chão.
Agora, Sandy e Júnior é um caso a parte e totalmente especial. Quem não era fã dessa duplinha fofa que atire a primeira pedra. Chorei horrores por não ter ido ao show deles uma vez, numa cidade vizinha. Era parte do fã clube. Tinha Cds. Fotos. E compreiocdacústicoeouçosemprequequero. Sim, é verdade. Adoro os dois até hoje. Agora sim, me entreguei. Desci nas profundezas do inferno. Eu e azamiga fazíamos tudo, exatamente TUDO ouvindo Sandy e Júnior. "faz turu, turu, turo aqui dentro.."♪♫♪ Sem contar que não perdia um episódio d'aquele programinha do domingo na Globo (e teve a novelinha Estrela Guia que acompanhei do início ao fim) e que agora tá passando no Viva e sempre que dá eu assisto beibê.

Mas como tudo nessa vida tem salvação, aos onze, doze anos conheci a Malhação, a Nanda, o Gui, a Revista Capricho e a Atrevida (gastava todo meu suado dinheirinho com as duas) e o Rock'n Roll, e passei a ser fã de carteirinha de The Calling, Red Hot, Charlie Brown Jr, Linkin Park, Avril Lavigne, Good Charllote, Pink, Pitty, CPM22, U2, Oasis e tudo de mais lindo nesse mundo, e enchi meu quarto de pôsters, minhas unhas de esmalte preto, meus pés de all star e fui ser feliz forever. Hoje, graças ao bom Deus, a maturidade fez com que o gosto musical se misturasse e apresentasse uma refeição saudável aos meus ouvidos: Rock, Mpb, samba e as coisas lindas dessa vida. Porque meu passado não me condena, ele as vezes, é o próprio presente. (Sandy & Júnior Forever e imoooooooortaaaaaaaal. ♫ )
24 comentários:
:)