Daí escrevo
Quando criança costumava chorar demais, e confesso que as coisas não melhoraram muito de lá até aqui. Sabe, meu copo d'água de emoções é pequeno e transborda fácil em rios de sentimentalismo. Uma novela mexicana completa correndo nas minhas veias e a platéia sempre sem paciência de acompanhar o desenrolar desse dramalhão feminino. Daí escrevo. Escrevo porque o papel é mudo e não reclama muito das palavras confusas que redigo em cima dele. Escrevo porque o papel compreende mais as tristezas e mazelas da alma da gente, que as pessoas de carne e osso. Escrevo porque ele não reclama. Vezenquando escrevo chorando também, que é pra não ficar nada guardado no peito. Escrevo pra algemar a tristeza nas palavras pra ela virar poesia, mas não sou muito talentosa pra isso. Nem pra tristeza, nem pra poesia. Daí escrevo doçuras. A escrita eterniza, é pra sempre. E meu riso fácil prefere que ele seja eternizado naquela folha em branco. Ele quer se sobrepor à qualquer sentimento que faça doer o peito e me pede os lápis multicoloridos pra enfeitar a melancolia, pra ela ficar sorrindo. Escrevo todo sentimento que passa aqui por dentro, e as angústias não ficam de fora, mas a alegria maior que anda invadindo minha vida a transforma rapidinho em palavras suaves, sem peso e pesar. Guardo meus rabiscos num pote de açúcar que é pros momentos de depressão não chegarem perto, que é pro sentimento virar melado e a tristeza ficar no passado. Daí escrevo, munida do poder das palavras, que é pra algemar a tristeza com sorrisos e condená-la a prisão perpétua com a felicidade.
(desafio de segunda-feira, do grupo blogueiros.
tema: sem talento pra algemar a tristeza. )
11 comentários:
:)