Daí escrevo

14:36 Ana Flávia Sousa 11 Comments

Quando criança costumava chorar demais, e confesso que as coisas não melhoraram muito de lá até aqui. Sabe, meu  copo d'água de emoções é pequeno e transborda fácil em rios de sentimentalismo. Uma novela mexicana completa correndo nas minhas veias e a platéia sempre sem  paciência de acompanhar o desenrolar desse dramalhão feminino. Daí escrevo. Escrevo porque o papel é mudo e não reclama muito das palavras confusas que redigo em cima dele. Escrevo porque o papel compreende mais as tristezas e mazelas da alma da gente, que as pessoas de carne e osso. Escrevo porque ele não reclama. Vezenquando escrevo chorando também, que é pra não ficar nada guardado no peito. Escrevo pra algemar a tristeza nas palavras pra ela virar poesia, mas não sou muito talentosa pra isso. Nem pra tristeza, nem pra poesia. Daí escrevo doçuras. A escrita eterniza, é pra sempre. E meu riso fácil prefere que ele seja eternizado naquela folha em branco. Ele quer se sobrepor à qualquer sentimento que faça doer o peito e me pede os lápis multicoloridos pra enfeitar a melancolia, pra ela ficar sorrindo. Escrevo todo sentimento que passa aqui por dentro, e as angústias não ficam de fora, mas a alegria maior que anda invadindo minha vida a transforma rapidinho em palavras suaves, sem peso e pesar. Guardo meus rabiscos num pote de açúcar que é pros momentos de depressão não chegarem perto, que é pro sentimento virar melado e a tristeza ficar no passado. Daí escrevo, munida do poder das palavras, que é pra algemar a tristeza com sorrisos e condená-la a prisão perpétua com a felicidade.



(desafio de segunda-feira, do grupo blogueiros.
tema: sem talento pra algemar a tristeza. )

11 comentários:

:)

feliz contemplanos.

14:30 Ana Flávia Sousa 12 Comments




Em meio ao inferno astral mais pra paraíso de todos os tempos começo a escrever o mais clichê de todos os temas: todo o ritual que envolve o sopro de uma vela a mais, uma vez por ano. Me dou conta de que em poucos dias estarei deixando para trás mais uma idade vivida assim, do nada. Como se fazer aniversário estivesse ligado à um alarme mental, que quando se aproxima a data, uma luz se acende e bum, você descobre que ficará mais velha. A gente fica pensando em tudo que passou nesse tempo entre uma idade e outra, em tudo que fizemos e no que deixamos de fazer. Comigo cresce uma sensação de tempo esgotando que só passa milênios depois. Desde criança foi assim, não conseguia entender porque soprar aquelas velas num bolo podia significar grande coisa, mas significa, por mais que a gente negue elas têm seu valor. Ninguém canta 'happy birthday to you' pra nós por nada, nós encerramos um ciclo, outra etapa. Subimos mais um degrau na escalada da vida, ou será que descemos? Confesso que tenho medo, e por isso não tenho refeito muitos planos. A vida trata sempre de me surpreender, rabiscar meu rascunho e colocar diante de mim um traçado mais bonito que eu havia imaginado. Mas tenho medo assim mesmo, medo de não ter tempo.  Tempo pra fazer tudo que eu mais queria nessa vida, e não ter outra pra compensar. Então eu queria mais desse ano que começa pra mim, um dois seguido por um. Queria mais de mim. Queria aquilo que a gente não costuma ganhar de presente, uma bússola que me apontasse os caminhos certeiros e uma ampulheta que me desse o poder de parar o tempo quando eu quisesse um minutinho de paz. Queria poder ir na Livraria Café e pedir a atendente que adoce meu café com leite e as pessoas, e que coloque menos egoísmo e mais senso de humor na receita do pão de queijo. Queria poder ir na feira das flores e pedir um ramalhete de dentes de leão pra soprar poesia por aí.  Queria terminar melhor este texto, mas ficou clichê demais pra ter um final decente. Na verdade, o que mais ando pedindo por aí, é sabedoria pra lidar com tanta coisa nessa correria da vida, pena que não vem em compotas e nem vende em lojas de departamentos. Sabedoria a gente adquire a cada sopro de vida. Sabedoria vem com vivência, convivência.  


( A poeira anda espessa por aqui não é? Não é por falta de sentimentos para traduzir, é desordem cerebral mesmo. Aos poucos, o Pratododia voltará a ser meu melhor amigo, estamos meio em crise mas é por pouco tempo (espero!). Um beijo pra vocês que sempre vem nos visitar e deixar um beijo carinhoso, beijo macio pra vocês ;* )


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:)