é mar, maré

14:29 Ana Flávia Sousa 17 Comments


Deixo o rio passar tão voraz, veloz.
O  Teatro Mágico

Bem distante de qualquer calmaria, o ambiente marítimo que tenho oferecido quase sempre é este de maré alta, onde minhas palavras andam naufragando, vezenquando atitudes perdidas entre os corais da mesmice. É culpa desse melodrama mexicano que corre nas veias, desse momento frágil de mulher, dessa velocidade dos ponteiros do relógio, desse calor que repele abraços, desse cansaço que dorme antes do beijo, dessas frases desviadas do ouvido, dessa pessoa que aqui redige: criminosa. Ando fazendo bagunça, arruaça e até vandalismo por miniaturas de problemas, reclamando demais. Adquiri seu ombro amigo por usucapião, fiz morada, jardim com as cercas branquinhas e você me cedeu grande parte da sua paciência outra vez. Escrevendo aqui meu rosto se enrubesce de embaraçamento só de pensar o quão patética estou sendo por ciumes tolos, carências infelizes e cobranças estúpidas, perdoe-me por tudo isso.  Engraçado que você possui ciência de espantar toda minha bravura, tira toda minha armadura me pedindo pra ficar seriamente com raiva, sem sorrisos e covinhas a mostra, não resito: meu riso é fácil demais contigo. Estranho meus olhos transbordando água salgada a todo momento, é  essa mania de ser a ferro e fogo e  precisar sentir tudo como é: intenso, então perdoe a exagerada jogada aos seus pés. Definitivamente eu sei o quanto posso ser melhor e te surpreender,  mas você é sempre mais ágil, suas rosas vermelhas, seus cartões escritos a mão, seu dom pra cozinhar pro leão que mora na minha barriga, seus mimos, seu carinho, seu cuidado, aconchegos pro meu coração.  Perdoe-me pelo tempo lento para melhorias aqui e ali,  minhas ondas vêm severas muitas vezes, eu sei, mas olha aqui nos meus olhos: elas vêm pra você com todo amor dos sete mares.







17 comentários:

:)

soprano

15:11 Ana Flávia Sousa 11 Comments

 Basta as penas que eu mesmo sinto de mim. 
Junto todas, crio asas, viro querubim.  

O Teatro Mágico





Alguns dias acordam estranhos e prometendo esquisitices, e a gente fica nessa sem saber como agir.
São manhãs nada nubladas do lado de fora e completamente cinzentas dentro do peito, tão nebulosas que embaçam a visão e você não quer abrir os olhos por nada. Não chove lá fora faz tempo, mas por dentro há um temporal incessante, insistente, doído. Seu bote salva-vidas está a postos, mas você não sabe como usá-lo: vai se afogar nas lágrimas. Há uma corda bem aqui pra você segurar, mas sua força é pequena, cansada. São dias que te acordam com um tapa na cara e um balde de água fria, após noites mal dormidas e palavras mal ditas, malditas.

O sol brilha através da sua janela rindo da sua cara, rindo da sua sensibilidade enorme e te chamando pra fora, pra vida. Seu sonho é alcançar a persiana e fechá-la sem se levantar, esconder do brilho que não combina nada com seu estado de espírito agora. Hoje quer curtir essa fossa imaginária, esta dor suportável que você não suportou, é fraca.
Sabe, amanhã é outro dia, as pessoas que te machucaram ontem sorrirão pra você e a dor que você sente parecerá ridícula. Só você se machucou, só você sofreu, só você deixou seu dia passar em branco, em cinza. Vamos, enxuga esse rosto, cesse esse soluço e vai lá se derreter debaixo daquela estrela gigante ali fora. Não se entregue tão fácil, por quase nada, por uma culpa que não é sua: te jogaram ela. Acredite que tudo se resolverá, pra eu confiar nisso também. Saia e sopre aquele dente de leão da pracinha: deixe que ele leve toda a tristeza inútil pra onde ninguém possa achar. 








Palavras confusas, desconexas.  Mas vem daquela necessidade grande de compartilhar. Desculpem os atrasos, falhas e palavras vagas. 





11 comentários:

:)