um café e um minuto.

10:00 Ana Flávia Sousa 21 Comments



Se a pressa é inimiga da perfeição, minha vida é o diabo a quatro de tão desprovida de sintonia que é. Metade de um ano já foi dormir nas profundezas da memória e as horas do meu dia agora simplesmente botaram na cabeça que precisam treinar maratona, de tanto que correm. Ando carente de instantes dando sopa. O tempo de um banho demorado, para o corpo se renovar. Um momento reservado único e exclusivo para que a leitura de um livro se complete e o fim da história de revele. Um atraso no relógio para um chamego a mais no namorado, para que os pés de mantenham um pouco mais aquecidos. Um fim de semana de quatro dias para que a alegria de estar perto da família dure um momento a mais. Quem sabe algumas horas disponíveis para se dedicar a irmã mais nova, que anda sentindo sua falta? Se me dessem quinze minutos, seria o tempo de uma máscara capilar, para os cabelos se mostrarem deslumbrantes. Nem correr mesmo, ali na Praça da Liberdade, não tenho tempo. Nem parar pra desesperar e chorar com tantos afazeres, estou podendo. Careço de um tempo de uma conversa fiada com os amigos, palavras ao vento. E verdade seja dita, doze horas a mais por dia ajudaria a efetuar os projetos acadêmicos mais brilhantes, e poupava um pouco dessa de dizer que não temos talento. Temos muito talento sim, o que nos falta é tempo. Não me falta amor. Não me falta querer estar perto. Não me falta vontade de ajudar o amigo. Não me falta bom humor. O que me falta é um relógio que ande num compasso menos frenético.
É o mal desta era totalmente fast! Hoje, o macarrão é instantâneo e vem em copo e fazer amor, virou a rapidinha. Amigos estão ali, atrás da tela do computador porque não temos tempo de sair de casa, pegar um ônibus e ir vê-los. Celular? Aparelho eletrônico criado pra matar saudade. É a era em que muita gente só se importa em ter muito dinheiro na conta bancária e se esquecem de guardar valores na dispensa da vida. Porque o tempo de hoje, é dinheiro.
'Melhor perder um segundo da vida que a vida num segundo', dizia Vovó'Dete antes que seus filhos entrassem no carro rumo às cidades aonde moravam. Se hoje ela estivesse aqui eu pensaria, mas não lhe diria que 'Ninguém tem mais este segundo pra perder Vovó'. O mundo está constantemente com status de ocupado! Batalhando. Correndo atrás do relógio para conseguir realizar tudo bem feito e no prazo certo! E na visão dos conhecidos, seu status é o de sumido. É assim, há certos objetivos na vida que nos impõem certas condições e o fim da vida social é uma delas.  
 Não há no dia, um milésimo de segundo sequer ocioso. E não venha me dizer que não faço nada das duas às seis da manhã, porque faço sim. Ando ocupada sonhando que posso descansar depois de um dia cheio. Ando sonhando que um dia essa correria será recompensada. Uso este tempo pra colocar a cabeça no pause, pra não ser a pessoa mais lerda do mundo no dia seguinte. Talvez seja um pouco complicado de entender, mas há algumas necessidades pessoais que estão gritando por um pouco de atenção, e dormir é a maior delas. Egoísmo? Talvez. Eu só gostaria muito, se não for pedir demais, de ter aquele momento pra chamar de meu. Mas esta recompensa anda mais concorrida que Mega Sena de fim de ano. Este outro, que está quase aqui.
E seguimos a caminhada em busca daquele tão falado lugar perto so sol, dia após dia fazendo tudo numa inércia só. Desenvolvendo habilidades de fazer mil e uma coisas no mesmo minuto e ainda estar bonita, apresentável; mantida por um só combustível: o café. Extra-forte. Um tic-tac incansável na cabeça e a lista mental de afazeres diários recebendo um X de tarefa cumprida a cada segundo. Sem contar que ainda tem aquele coelho branco com seu relógio de bolso na mão me avisando desesperadamente do meu horário, sempre atrasado. 

Salve, salve o grande poeta Cazuza porque o tempo: " O tempo não para".
http://www.youtube.com/watch?v=7AkEQM9AdEY



O texto está um pouco grande, desculpem. Um obrigada especial pra Luh, que se identificou com o escrito antes mesmo se estar finalizado. :*


 



Ana Flávia Sousa Silva

































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:)

deixa a chama acesa.

00:00 Ana Flávia Sousa 4 Comments

' minha fé em pó solúvel' 




Eu não sei qual parte da história eu perdi, quantas páginas do Livro de cabeceira deixei de ler e nem quando fiquei assim, desconfiada. Mas aconteceu, e não conto isso como vantagem, pelo contrário ando um tanto envergonhada com tudo isso. Tenho carregado nas costas o peso extra do vazio, da culpa do abandono. Logo você? Sim, eu. Desconheço motivos, já cansei de analisar as situações passadas para descobrir um sequer. Nada. A verdade é que só encontrei razões para acreditar! Para ser aquela pessoa esperançosa outra vez. Acredito até que muita gente deveria fazer uma faxina mental como a minha e descobrir a graça de se estar assim, vivo. Da memória, vi não só os tombos que levei, mas principalmente Tua mão estendida pra mim. Me senti acalentada como criança por não esquecer que Teu ombro amigo esteve sempre disponível para um coração ensanguentado se curar. E antes de tudo isso, sem ao menos saber o que receberias em troca me deu o dom da vida, e como se não bastasse me presenteou com a família mais maravilhosa que alguém pode querer ter. Aos poucos conheci os anjos que me enviaste para que eu não caminhasse só e desamparada, descobri que poderia chamá-los de amigos, amores, professores, anjos. E toda noite, antes que o sono vença mais essa batalha, agradeço. Por ontem, pelo hoje, presente, e confio no futuro, pois Te tenho comigo. Não nego que peço a Ti bem mais que mereço, faço e agradeço, mas não é por mal (não vou jurar, me ensinaram que é feio), é que tenho essa mania de esperar demais, complicar demais, idealizar demais e esquecer desse meu não-talento de conjugar aquele verbo de ação. Ando em falta não só Contigo, mas com a pessoa que mais me ensinou a Crer em Ti, vovó. Ando assim, sentindo falta dos sonhos em que ela me abraçava e eu a sentia, uma vez mais e aí a saudade declarava uma trégua. Ando um pouco fora de rumo, sem a beirada da eira, sem saber se estou sendo ouvida, mesmo quando nada digo. Falta grave esquecer a voz dela, tão doce e carinhosa. Sua caridade e fé inabalável me impressionavam tanto, tanto. Expedito, o santo, ou está de férias merecidas ou por ela estar mais perto, está trabalhando dobrado, hora extra  de tanto que era chamado, pedido, implorado para resolver as causas até então impossíveis. Gostaria era de pedir perdão, sem pedir.. Pois senti na pele a ausência da minha fé, adormecida. Senti na alma a dor de ser pecadora. Reclamei sem necessidade tantas e tantas vezes, e hoje repudio atitudes assim, inclusive as minhas quando volto a fazer. Mas peço sem vergonha que não me abandone. Imploro quanto preciso for para que não desista de mim. Hoje acredito poder até me orgulhar, pois foram tantos que tentaram me convencer do oposto e me fazer acreditar a não acreditar. Sinceramente, não consigo imaginar a vida de uma pessoa sem Ele, nem a minha. Não a imaginava sem minha avó também, mas hoje a sinto como sinto Deus, no coração. É um calorzinho gostoso aqui no peito quando penso nela! 


Ana Flávia Sousa Silva











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:)