liberté.
♪ Já sonhei nossa roda gigante .
Ana Flávia Sousa Silva
Estávamos ali, sentados perto um do outro. Você, numa tentativa de impedir que a noite gelada congelasse meu corpo me abraçava forte. Em meio a um abismo temporal, lágrimas rolavam sobre meu rosto frio, sem que eu pudesse conter. Você não percebeu, e mais que depressa tentei disfarçar este choro silencioso. Logo entendi. Era a felicidade se liquefazendo, extravasando os limites da minha alma e transbordando nos meus olhos. Foi engraçado, porque comecei a sentir cócegas no meu peito, e senti uma vontade louca de dar gargalhadas. Era a borboleta se preparando para alçar vôo. Assim, à francesa, liberté. Agora, me recuso a sentir emoções de valor negativo. Abaixo de zero, quero só o frio, pra que possamos nos deitar aqui, ao lado da lareira, debaixo de um cobertor, apreciando o céu, o momento, você. Pela manhã, me acorde bem cedo com um sorriso radiante no rosto, e me leve para receber os primeiros raios do sol, no alto de uma montanha ou no telhado de casa. Me leve. Me conte tua cor preferida, que crio um arco-iris em degradê pra colorir teu dia! Me conte. Me mostre teus defeitos, e me permita encaixar-me neles, e a respeitá-los. Deixe que eu roube teu papel de chef de cozinha por um instante e arrisque a fazer teu prato predileto. Deixe que eu te agrade. Segure a minha mão, e deixa eu te acompanhar, pra onde quiser. Calma, não tenha pressa. Não precisamos mais correr daquele moço, sr. medo, ele já não me persegue, não deixo. Me leve de canoa, barquinho de papel, venesianamente. Assista um filme melodramático ao meu lado, me deite no teu colo e faça carinho nos meus cabelos longos, da cor do sol que está se pondo. Brinque comigo, vamos ao parque nos divertir, namorar na praça, algodão doce e maçã do amor. Venha dançar nesta chuva que só quer nos mostrar o que de marvilhoso nos aguarda esta noite... uma vida inteira. Venha, e me deixe ir.
Ana Flávia Sousa Silva
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:)